Terapia de Sessão Única

Mais do que mais uma psicóloga que trabalha com questões existenciais, EU sigo o que falo. Depois de mais de 30 anos de academia, resolvi finalizar um ciclo para me reinventar, deixar a universidade para me dedicar exclusivamente à clínica. E tudo isso sem trair o meu propósito: estimular a saúde mental com o meu trabalho, minhas intenções e meus exemplos, para justificar minha passagem por esse mundo.

Eu ainda não sabia, mas já estava assumindo esse propósito aos 17 anos, quando escolhi a Psicologia. Recém-formada, aos 22, ingressei como professora concursada em uma das melhores e maiores universidades do sul do país, onde me dediquei a formar psicólogos por mais de 30 anos.

Nessa longa trajetória, me comprometi com o crescimento de centenas de alunos, estagiários, residentes e com o meu próprio. Foi com essa preocupação, de dar o meu melhor, que cursei Mestrado e Doutorado em Psicologia do Desenvolvimento em instituição federal, tendo minha tese publicada em capítulo de livro na Oxford University. Outros inúmeros capítulos de livros, artigos científicos, trabalhos apresentados em congressos atestam o meu compromisso com a qualidade da formação dos psicólogos e o desenvolvimento do nosso exercício profissional.

Imbuída dessa ideia e compromisso, dei tudo de mim como docente, pesquisadora, extensionista e tutora, na graduação e na pós-graduação. Ou melhor, me doei no limite que não me impedisse de estar com a minha família, minhas duas filhas e meu marido, esses sim, minha prioridade!

Dentre todas as áreas e públicos que trabalhei na vida dentro da universidade, inevitavelmente fui pendendo para a área da saúde, principalmente depois de ter defendido tese sobre intervenções com a enfermagem de UTI diante da morte dos pacientes. Esse trabalho foi o marco necessário para eu delimitar mais claramente a minha área de atuação e derivar dali intervenções, publicações e disciplinas que influenciaram não só a minha atuação profissional, mas a minha própria visão de mundo.

Foi trabalhando com a Psicologia da Saúde que participei da implantação de estágio em Psicologia Hospitalar, organizei campanhas de prevenção ao suicídio, orientei e escrevi dezenas de trabalhos com o foco em saúde e implantei a disciplina de Psicologia da Morte.

Trabalhar com a finitude foi uma das oportunidades mais ricas e desafiadoras que tive profissional e existencialmente. Lidando com limites entendi que a morte não é um evento derradeiro e impessoal que demarca o fim de alguém. Aprendi que a consciência do fim da existência nos torna capazes de dar sentido às experiências de vida e de significar o que realmente importa na construção do nosso legado.

Falando em legado, o meu continua em construção. Depois de me demitir da universidade, decidi durante um ano sabático fazer uma transicionar minha carreira para a clínica. Mas não era uma clínica tradicional. Eu buscava algo que traduzisse minha jornada profissional em uma prática inovadora, que desafiasse conceitos e pré-conceitos que temos constituídos no país.

Depois de muito pesquisar, encontrei Single Session Therapy como um novo mindset que me instigou a me aprofundar no assunto. A ideia de que o paciente decide a questão que quer tratar e quantas vezes quer voltar a estar comigo me deixou muito entusiasmada. A base de publicações científicas e a bibliografia internacional consolidaram a ideia da TSU como uma das práticas contemporâneas mais promissoras do momento.

Hoje, sou capacitada em TSU e mentorada por uma referência, a professora Angélica Lopes, supervisora na Austrália na Teaching Associate at Monash University.  

Embora essa questão não seja primordial, gosto de deixar claro que não trabalho focada em apenas uma linha teórica. Tenho a Psicologia Existencial como ponto de partida que me permite navegar por várias correntes teóricas, conforme a necessidade e o que o caso exige, tendo o paciente como foco central.

E é com essa miscelânea de experiências profissionais e pessoais que proporciono ao paciente a oportunidade de trabalhar em conjunto comigo a questão ou dilema que ele escolher, numa consulta por vez. Trabalho preferencialmente focada em finais de ciclo e recomeços pois assim crio um elo de identificação imediato com a minha própria condição atual.